Em artigo, o CEO da startup Mob2Con Carlos Wayand analisa atual cenário e projeta futuros impactos da inteligência artificial no futuro do supermercado
Imagine uma realidade em que ao adentrar um supermercado, os atendentes saberão quais as suas necessidades e preferências, onde os preços irão se moldar às suas demandas e haverá sugestões personalizadas de combinações de produtos que se encaixem com outros itens de seu carrinho. Se tudo isso parece ficcional, saiba que o supermercado do futuro está mais próximo do que imaginamos graças ao avanço da Inteligência Artificial. A implementação da tecnologia no varejo não é apenas uma tendência, é uma revolução iminente que trará transformações disruptivas na forma como os estabelecimentos interagem com seus clientes e otimizam suas operações.
Como não poderia deixar de ser, esse processo de transformação hoje acontece em maior grau justamente no varejo digital. Por meio da adoção de soluções baseadas na tecnologia, tal nicho tem conseguido construir uma interação mais eficaz com o consumidor, melhorando a experiência do usuário como também oferecendo aos varejistas informações valiosas para decisões estratégicas.
Outro aspecto que vem sendo ativamente aprimorado graças a incorporação da IA é a forma com que as empresas se comunicam com os seus consumidores. Se os call centers e o chatbot já simbolizaram um avanço no atendimento há algum tempo, a IA assume a responsabilidade de acertar diversas arestas deixadas por essas tecnologias. Graças ao potencial das soluções, hoje já passa a ser possível entender de maneira clara qual a necessidade do cliente e entregar respostas mais efetivas no diálogo.
Apesar do impacto num primeiro momento ser nítido no ambiente digital, a IA também surge como uma ferramenta capaz de revolucionar a forma como os supermercados físicos operam. Quem não se lembra dos tempos longínquos em que chegávamos na mercearia local e o atendente nos conhecia, sabia nossas preferências e parecia prever exatamente o que iríamos comprar? Hoje, com os estabelecimentos atendendo centenas de milhares de clientes todos os dias, tornou-se inviável qualquer tipo de interação semelhante.
No entanto, com a tecnologia será possível iniciar um processo de retomada nesse sentido. A capacidade de analisar grandes volumes de dados em pouquíssimos segundos permite uma compreensão profunda dos hábitos de consumo dos clientes, o que, por sua vez, possibilita oferecer um atendimento individualizado e assertivo.
Além disso, os benefícios da IA não se limitam apenas ao relacionamento com o cliente. Internamente, o supermercado do futuro precisará utilizar a tecnologia para otimizar a gestão de estoque, prever a demanda por produtos e definir preços dinâmicos. Isso não somente melhora a eficiência operacional, mas também contribui para a sustentabilidade ao reduzir o desperdício.
As soluções de pricing, aliás, já tomam a dianteira dentre as prioridades de mudanças. A possibilidade de ajustar os preços em tempo real perante uma rica base de fatores – incluindo até mesmo aspectos externos como variações de mercado ou econômicas – é posta como elemento fundamental para manter os supermercados competitivos, maximizando as vendas e lucros.
Apesar do enorme potencial, a implementação da IA no supermercado apresenta desafios. Questões como privacidade de dados, segurança cibernética e a necessidade de manter um equilíbrio entre eficiência tecnológica e humanização do atendimento são cruciais. Até porque os supermercados não podem deixar de lado o toque humano. Enquanto a IA fornece as ferramentas para entender e atender melhor aos clientes, será o elemento humano o responsável por dar vida às estratégias e criar experiências de compras aprazíveis.
A grande verdade é que o modo como fazemos compras está prestes a mudar. À medida que a IA se torna uma realidade progressivamente presente, estamos cada dia mais à beira de uma transformação profunda na maneira como nos relacionamos com o varejo. O supermercado do futuro promete ser personalizado e eficiente, trazendo uma dinâmica mais agradável para o consumidor e lucrativa para as redes supermercadistas. Chegou a hora de nos preparar para esse momento.