Setores tiveram crescimentos respectivos de 3,8% e 12,9% entre as PMEs no comparativo com o mesmo período do ano passado
Lucas Torres
Divulgado na última sexta-feira, 28/10, o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) apresentou números ambíguos quanto ao desempenho das pequenas e médias empresas brasileiras ao longo do mês de setembro.
O estudo demonstrou que esta parcela da economia nacional segue mais aquecida na comparação com 2021, registrando avanço de 1,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Ao mesmo tempo, porém, revelou a continuidade de uma desaceleração progressiva ao longo do 2º semestre do ano atual ao apresentar uma queda de 3,9% no comparativo com agosto.
Nos atendo à comparação anual, é possível notar que a indústria foi o grande destaque positivo – com alta de 12,9%, sendo acompanhado pelo comércio (+3,8%) como os setores que tiveram desempenho positivo.
“O crescimento da movimentação financeira das PMEs do setor industrial nos últimos meses é sustentado pela retomada da demanda doméstica e pelo aumento da competitividade de alguns segmentos, em relação à similares importados. Tal movimento reflete a desvalorização do real frente ao dólar, quanto à complexidade trazida pela pandemia no abastecimento de algumas cadeias produtivas – fatores que abrem mercado para a operação de indústrias de pequeno e médio porte especialmente”, comentou Felipe Beraldi, gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie.
Do outro lado da moeda, movimentações financeiras as PME’s ligadas ao segmento agropecuário foram as que mais sofreram no período – com uma queda de 14,8%. Além delas, empresas dos segmentos de serviços (- 2,7%) e infraestrutura (- 2%) também ficaram no vermelho.
Vale destacar que o ODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$50 milhões anuais, consistindo no monitoramento de 637 atividades econômicas que compõem cinco grandes setores: Agropecuário, Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.
PME’s têm grande expectativa para um fim de ano recheado de eventos
Além do desaquecimento visto no mercado no decorrer do terceiro trimestre (apenas de 2,2%, avanço mais baixo comparado ao primeiro trimestre de 3,5%), o funcionamento de diversos segmentos deve ser afetado no final do ano pela ocorrência da Copa do Mundo de Futebol, pois nos dias de jogos da seleção brasileira, espera-se uma interferência no funcionamento das empresas no último bimestre do ano.
Os setores mais afetados devem ser as atividades de serviços voltados para Empresas (B2B – ‘Business to Business’) e Indústrias. Ambos os segmentos mostraram um bom desempenho no período recente, o que pode restringir o comportamento do IODE-PMEs como um todo no final do ano. No entanto, a Copa do Mundo também deve estimular mercados específicos do Varejo e toda a cadeia de Comércio e Serviços de produtos alimentícios e bebidas.
O final do ano também é marcado por sazonalidades do comércio como a Black Friday e as compras relacionadas à celebração de Natal. Beraldi explica que esses períodos ocorrerão em um momento de redução parcial das pressões inflacionárias (como a queda dos preços de combustíveis), da ampliação do pagamento do Auxílio Brasil e o pagamento do 13º salário, ações que estimulam o consumo das famílias. De toda forma, há elementos a curto prazo que devem restringir a evolução dos negócios das PMEs (especialmente do setor de Comércio) nessa época. “Além da Copa do Mundo desviar a atenção dos consumidores, o elevado repasse de custos nos preços de bens finais, no decorrer do ano, e os níveis mais altos das taxas de juros devem restringir as vendas de diversos segmentos do Varejo, a curto prazo”, ressalta o especialista.
Em linhas gerais, os empreendedores devem enfrentar um cenário econômico desafiador, com incertezas internas e externas. Cada vez mais ficarão evidentes no desempenho da atividade econômica os efeitos da subida de juros promovida pelo Banco Central ao longo deste ano. “Altas taxas de juros encarecem a tomada de crédito, prejudicando a evolução do consumo, além dos investimentos na economia real. O empreendedor também vive com as incertezas da política econômica, assim como olhar com atenção para a delicada situação fiscal do país. Esses serão fatores fundamentais para a melhora dos negócios no Brasil”, reforça Beraldi.
O ambiente internacional também deve se configurar como um empecilho na expansão da economia brasileira. Com o conflito armamentista entre a Rússia e a Ucrânia, os países desenvolvidos seguem procurando combater a elevada inflação e várias cadeias produtivas e ainda sentem impactos das restrições para controle da covid-19.
Ainda há espaço para que as PMEs brasileiras sigam em crescimento no próximo ano. A pequena queda na inflação no País e o ritmo de recuperação do mercado de trabalho (via retomada da ocupação e evolução dos rendimentos reais) são fatores fundamentais para sustentar o crescimento do consumo das famílias.
“A redução da inflação deverá abrir espaço para reversão da trajetória das taxas de juros no segundo semestre de 2023 e, consequentemente, favorecer o acesso ao crédito. Com isso, os micros e pequenos empreendedores tendem a manter o crescimento dos negócios, ainda que inseridos em um contexto macroeconômico bastante complexo e repleto de incertezas”, finaliza Beraldi.
Confira o calendário de eventos que deve aquecer o varejo neste fim de ano
1 a 11 de novembro: 11.11 – O maior evento da AlieExpress
A partir de 20 de novembro: Copa do Mundo de Futebol
25 de novembro: Black Friday
28 de novembro: Cyber Monday – A ‘Black Friday’ exclusiva do e-commerce
25 de dezembro: Natal