Vendas no varejo devem ser quase 17% maior que o registrado nos anos 2018 e 2019, período anterior a pandemia.
A Páscoa movimenta muitos setores do varejo. Certamente os mais importantes são da produção e comercialização de chocolates. As vendas de ovos de chocolate, símbolo inequívoco da Páscoa, para 2023 deve registrar o mesmo nível que o observado em 2020, 2021 e 2022, mas quase 17% maior que o registrado nos anos 2018 e 2019, período anterior a pandemia.
Vale dizer que este é o principal feriado cristão. De acordo com o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, os cristãos somam 88.52% da população brasileira, divididos entre católicos apostólicos romanos (64.44%), evangélicos (22.1%), e o agregado das demais religiosidades cristãs (ex. ortodoxos, mórmons, testemunha de Jeová etc.), compondo cerca de 2% da população. Um mercado de quase 190 milhões de pessoas.
Um dos aspectos a serem observados por essa massa de indivíduos é a abstinência da carne no período da Quaresma, em especial, na Sexta Feira Santa. É aí que o bacalhau aparece. Mas, pelos dados do estudo IBEVAR – FIA Business School, recentemente lançado, cobrindo o período 2016 – 2023, o mais tradicional substituto da carne está diminuindo sua presença na mesa das famílias cristãs. O trabalho realizado com recursos de IA – Inteligência Artificial apurou que as vendas desse produto vêm caindo acentuadamente desde 2017. Na Páscoa de 2023 as vendas de bacalhau serão quase 40% menores que as ocorridas em 2017.
Podem-se apontar diversas causas para essa queda, entretanto, a principal, que praticamente explica completamente esse movimento descendente tem relação com o preço do produto e as restrições de renda dos brasileiros. Apenas para ter uma referência o bombom de bacalhau subiu 150%. Enquanto isso, nesse mesmo período, o rendimento médio real do pessoal ocupado encolheu 3%.
Mas, nem só de bacalhau vive Páscoa. Essa data movimenta muitos setores do varejo. Certamente os mais importantes são da produção e comercialização de chocolates. Todas as grandes multinacionais do setor estão presentes em nosso território, gerando cerca de 39 mil empregos, entre ocupações diretas e temporárias durante o período da Páscoa. Dentre esses estabelecimentos, 85% são de pequeno porte, com até 19 funcionários, enquanto 46% dos empregos são gerados pelas empresas com mais de 500 funcionários. Estima-se que o valor bruto da produção industrial do setor chegue a R$ 12,2 bilhões, apresentando um aumento de 9% em uma década.
As vendas de ovos de chocolate, símbolo inequívoco da Páscoa, para 2023 deve registrar o mesmo nível que o observado em 2020, 2021 e 2022, mas quase 17% maior que o registrado nos anos 2018 e 2019, período anterior a pandemia. Tal expansão vem acompanhado de mudanças significativas no hábito de compras dos consumidores. A pesquisa IBEVAR – FIA Business School identificou quatro grandes tendências:
1.Personalização: Uma das principais tendências do mercado brasileiro de Páscoa é a crescente demanda por produtos personalizados e customizados. Os consumidores buscam cada vez mais presentes exclusivos que reflitam seus gostos e preferências individuais, levando a um aumento na demanda por ovos de Páscoa de chocolate personalizáveis e outros itens de confeitaria. Isso reflete na força e espaço dos ovos não industrializados.
2.Premiumização/Gourmetização: À medida que a economia brasileira continua crescendo e a classe média se expande, aumenta a demanda por produtos premium e de luxo para a Páscoa. Essa tendência é visível em várias categorias, desde ovos de chocolate artesanais com recheios requintados até conjuntos de presente de edição limitada com chocolates gourmet e outros itens especiais.
3. Alternativas preocupadas com a saúde: À medida que as tendências de saúde e bem-estar ganham força, os consumidores brasileiros buscam cada vez mais alternativas mais saudáveis aos tradicionais chocolates de Páscoa. As marcas estão respondendo a essa demanda oferecendo produtos feitos com ingredientes alternativos, como cacau orgânico, teor reduzido de açúcar e adoçantes alternativos como a estévia. Além disso, há um mercado crescente para produtos de Páscoa veganos e sem glúten que atendem a consumidores com restrições ou preferências alimentares
4. Produtos inovadores e experimentais: para se diferenciar em um mercado cada vez mais competitivo, as marcas estão desenvolvendo produtos inovadores e experimentais para a Páscoa, que oferecem experiências únicas e memoráveis. Isso inclui ovos de chocolate interativos com surpresas ocultas, kits de fabricação de chocolate DIY (Do it yourself) e colaborações de edição limitada com franquias ou personagens populares.
Como afirma Claudio Felisoni de Angelo, Presidente do IBEVAR e professor da FIA Business School: “O mercado brasileiro de Páscoa está passando por um período de rápida transformação, impulsionado pela evolução das preferências do consumidor e pelo desejo de produtos inovadores e diferenciados”.