Em artigo, diretor institucional do IBEVAR, Lúcio Leite repercute lições da NRF 2023 e traça um paralelo com o varejo nacional
Quem foi à NRF deste ano, a maior feira de varejo do mundo, testemunhou um discurso muito mais realista e “pé no chão” do que uma agenda futurística das edições anteriores. É como se o setor estivesse voltando às suas origens, o chamado “Back to the Basics”.
Quando comparecemos a um grande evento de tecnologia, a expectativa de todos é geralmente a mesma: conferir as grandes inovações do setor e como elas guiarão o futuro dos negócios.
Muitas vezes, ouvimos previsões mirabolantes, em outras algumas expectativas catastróficas. Entretanto, a NRF 2023 trouxe debates mais realistas do que as agendas futurística das edições passadas.
Em primeiro lugar, é importante deixar claro que foram, sim, destacadas diversas novidades tecnológicas ao longo da sua programação: Inteligência Artificial, cibersegurança, ESG, customização, entre tantas outras.
A diferença é que a maioria das tais soluções está mais próximas de todos, e não apenas das grandes corporações. O motivo para isso é o contexto em que o mundo está inserido hoje.
Momento de cautela
Pandemia, guerras, desastres naturais, escassez de componentes eletrônicos e diversos outros elementos direcionam o mercado para tempos desafiadores.
Estejamos diante de uma recessão econômica global ou mesmo de um crescimento tímido, o fato é que o momento pede cautela.
Isso não significa corte de investimentos, mas aproveitar melhor o que temos “dentro de casa” para extrair suas vantagens ao máximo, fazer mais com menos.
Durante a pandemia, por exemplo, muitas empresas ficaram no “meio do caminho” porque estavam atrasadas em seus processos de transformação digital.
Muitas descobriram que não tinham nem controle do próprio estoque, enquanto outras não estavam preparadas para atender bem em mais de um canal. É isso que me refiro quando falo em “voltar às origens”.
Mais segurança e assertividade
A tecnologia, claro, ocupa um processo fundamental nesse caminho, não somente como uma forma de nos lançarmos no futuro, mas de estruturarmos melhor as nossas bases, a nossa infraestrutura, para, então, nos movermos com mais segurança e assertividade rumo aos próximos anos.
Isso significa explorar melhor as nossas ferramentas de Inteligência Artificial, as nossas bases de dados, para tomarmos decisões mais precisas, por exemplo.
Desde que o cliente passou a estar no centro da estratégia das empresas, a tecnologia, mais uma vez, ocupa um papel essencial. É ela a responsável por viabilizar e atender à expectativa do consumidor.
No entanto, é importante reforçar que de nada adianta aplicar soluções mirabolantes de última geração se não souber fazer o básico bem-feito.
Isso quer dizer que as empresas têm muito o que melhorar ainda em termos de omnicanalidade, atendimento, segurança com os dados, entre outros pontos, antes de oferecer uma experiência que não consegue entregar.
A tecnologia no centro da estratégia
Portanto, antes de adaptar a sua loja ao Metaverso, oferecer uma expectativa de hipercustomização que não consegue atender ou entregar um produto em minutos por drones ou carros automáticos, volte às origens, veja em quais pontos pode melhorar ou no que está bom o suficiente para avançar.
Se estiver com dúvida sobre o atual nível de maturidade do seu negócio, converse com um profissional especializado. Ele certamente definirá uma jornada junto de você e te orientará em relação aos próximos passos.
É preciso levar a tecnologia para o centro da estratégia, bem ao lado do cliente, caso contrário, tsunamis sempre estarão no radar.
Fica para uma reflexão e um próximo tema: em uma economia digital e um mundo conectado, será que toda empresa de varejo não deveria ser uma empresa de tecnologia, feita de pessoas e que vende alguma coisa?