Dados da Nethone mostram que em 2025 as tentativas suspeitas de fraude ultrapassaram 500 milhões durante os “meses neutros” no varejo
Os riscos de fraude não terminam após grandes datas do varejo, como o Dia dos Pais ou a Black Friday — períodos férteis para ciberataques e golpes digitais. Pelo contrário, uma tendência crescente é o aumento das atividades fraudulentas nos meses seguintes a esses eventos comerciais.
Segundo a Nethone, solução de detecção de fraudes digitais em 2025, as tentativas suspeitas de fraude permaneceram acima de 400 milhões em janeiro e fevereiro, indicando que os fraudadores continuam mirando os usuários mesmo quando o volume de devoluções, reembolsos e reclamações está no auge — o que torna a detecção ainda mais desafiadora.
De abril a julho, as tentativas de fraude ultrapassaram 500 milhões, demonstrando que o risco não está mais atrelado apenas às temporadas tradicionais de compras, mas sim a ataques oportunistas durante ciclos promocionais. Esses “picos invisíveis” representam um desafio que paira no varejo, pois revelam que as plataformas e sistemas antifraude precisam atuar com a mesma intensidade mesmo após os eventos e ao longo de todo o ano.
Além disso, com a crescente adoção de eventos globais como 8.8, 9.9, 10.10, Prime Day e outras promoções-relâmpago internacionais, o calendário do e-commerce brasileiro se tornou cada vez mais fragmentado e distribuído, criando múltiplos picos de vendas que atraem mais ataques.
Entre os crimes mais comuns estão a fraude de chargeback, na qual dados de cartões de crédito roubados são utilizados para fazer compras online; a criação de contas falsas para aproveitar cupons e promoções de forma indevida; e os golpes de engenharia social, nos quais criminosos se passam por representantes de empresas para roubar dados sensíveis ou até dinheiro. O uso de bots também está em ascensão, realizando ataques automatizados em processos de login, cadastro e pagamento. Com o apoio de ferramentas de IA e dados roubados, esses métodos vêm se tornando mais sofisticados, dificultando ainda mais a identificação dos criminosos, sobretudo em períodos de alta demanda operacional.
“Os fraudadores se adaptam e criam o próprio calendário, intensificando suas ações a cada nova oportunidade de alto tráfego, seja global ou local. Isso mostra que as empresas que estão no varejo precisam adotar uma estratégia de prevenção contínua, alinhada a cada iniciativa de marketing e vendas — e não apenas reforçar defesas nos eventos clássicos do ano, como Black Friday ou Natal”, explica Thiago Bertacchini, Head de Vendas e especialista em detecção de fraudes da Nethone.
Para mitigar riscos, as empresas devem combinar tecnologias avançadas de detecção de fraude com políticas internas bem estruturadas. Soluções de machine learning e análise comportamental permitem identificar padrões suspeitos em tempo real, reduzir falsos positivos e bloquear tentativas.
É essencial fortalecer os processos de autenticação, revisar os fluxos de pagamento e implementar verificações adicionais em transações de alto valor ou em contas recém-criadas. Além disso, treinamentos contínuos de equipes e protocolos de segurança atualizados regularmente garantem maior resiliência contra ataques. Outra medida importante é a comunicação clara com o cliente sobre boas práticas — como evitar o compartilhamento de informações sensíveis e verificar a legitimidade de contatos — para complementar os esforços de prevenção da empresa.
Nesse cenário, soluções que oferecem modelos de IA precisos sem necessidade de revisão manual, analisando sinais de usuários e dispositivos em cada transação, tornam-se indispensáveis. A tecnologia deve se adaptar às especificidades de cada operação, treinada com dados históricos rotulados e feedback contínuo, para prevenir perdas ao longo de todo o ano e em cada pico de vendas.