Resultado na bolsa contraria desempenho positivo no âmbito das vendas do setor e coloca pressão sobre quem já investe ou quer investir nas ações do varejo
Lucas Torres, 7/01, às 11h20
O ano de 2024 foi um paradoxo para quem acompanha a economia brasileira. Enquanto índices macroeconômicos importantes como o PIB e a taxa de desemprego apresentaram resultados melhores que o esperado, questões sensíveis ao mercado financeiro como a taxa de juros e a variação do dólar criaram um cenário de pessimismo entre os operadores da bolsa.
Como resultado, o Ibovespa, principal índice brasileiro, fechou o ano com uma desvalorização na casa dos 10,36%.
Este cenário complexo e, em algum grau, contraditório, se reverberou para os mais diversos segmentos da economia nacional. Nas ações do varejo, por exemplo, seu impacto foi ainda mais agudo, produzindo uma desvalorização média de 33,29% nos 26 papéis listados em bolsa, de acordo com levantamento exclusivo do Novo Varejo por meio do INVA (Índice Novo Varejo de Ações), a despeito do crescimento de mais de 5% no âmbito das vendas em relação a 2023.
A fotografia geral das ações do varejo brasileiro em 2024 foi tão desafiadora que até mesmo as empresas que se desvalorizaram um dígito parecem ter tido motivo para comemorar. Afinal, 19 dos 26 papéis do INVA decresceram 10 pontos percentuais ou mais.
Entre as poucas exceções positivas a este cenário se destacaram o Mercado Livre e a Petz.
O primeiro, dono de um salto de 38,80% no decorrer do último calendário, se apoiou nos excelentes resultados conquistados nos três primeiros trimestres do ano e na avaliação positiva – com direito a recomendação de compra – de analistas de instituições importantes como o Santander, o BTG Pactual e o Goldman Sachs.
Já a segunda, teve como principal destaque a operação de fusão com a outrora concorrente Cobasi, fusão esta que criou o principal player do varejo do segmento pet no país.
O cenário de desvalorização generalizada das ações do varejo teve também seu destaques negativos. Entre os quadros mais preocupantes, ficaram papéis como o Magalu e as Casas Bahia.
Afinal, os movimentos do mercado financeiro refletiram resultados operacionais ruins e, pior que isso, uma crise sob o ponto de vista estratégico, já que, de acordo com analistas, demonstraram uma espécie de fracasso na tentativa de afastamento das bases tradicionais para o estabelecimento de uma identidade mais voltada ao ambiente digital.
Outra empresa que chamou a atenção foi, claro, as Americanas – dona da maior desvalorização do período (93,19%) ainda como fruto da crise iniciada no já longínquo janeiro de 2023, mas que mostrou um potencial de recuperação significativo ao crescer mais de 80% após a divulgação do balanço de seu terceiro trimestre.
O INVA
O INVA é o índice criado pelo grupo Nhm para medir movimentações nas ações do segmento varejista listadas em Bolsa. Sua ideia é proporcionar uma leitura sobre o desempenho das operações relacionadas ao varejo que abriram capital e usam o pregão do Ibovespa para conquistar investidores e alavancarem seus negócios.
A metodologia do estudo reúne as movimentações diárias dos índices de fechamento de cada ação para criar uma média, o INVA – número médio medido entre a variação das 26 empresas selecionadas, que é comparado com o índice do Ibovespa gerando gráficos para a checagem do comportamento do varejo em relação à movimentação do mercado em geral, regulando os índices de forma a perceber variações em tempo real.