Sofrendo as incertezas macroeconômicas e com a inflação batendo às portas do consumidor, ações do varejo ficam abaixo do Ibovespa
Incertezas sobre a política fiscal brasileira e o embate cada mais público entre a cúpula do Governo Federal e as lideranças monetárias do Banco Central têm colocado a economia brasileira em maus lençóis.
Para os investidores, o cenário tem se traduzido em quedas constantes das ações componentes do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira. Já para os consumidores, o ambiente se traduz em uma perspectiva de alta da inflação ancorada, sobretudo, na disparada do dólar.
Setor com hipersensibilidade aos movimentos do mercado, o varejo não escapou a todo esse clima de negatividade. Das 27 empresas que compõem o Índice Novo Varejo de Ações (INVA), apenas cinco escaparam de fechar a última semana com variação negativa.
Quem olha a queda de modestos 1,67% do INVA na última amostra pode ter uma impressão errada sobre o tamanho do impacto da crise econômica na percepção especulativa do setor varejista.
Isso porque o índice foi, de certa forma, contaminado pela alta fora da curva do ticker das Americanas – que dispararam após a sinalização de novos investimentos da gigante varejista e da contratação de executivos de renome como Tiago Abate, ex-diretor de soluções financeiras do Grupo Casas Bahia.
De volta à realidade das ações do setor que, a despeito da alta nas vendas em 2024 têm sofrido seguidas desvalorizações, destaca-se o mau momento das empresas de vestuário.
Isso porque, na última semana, executivos de empresas como Renner e C&A manifestaram preocupação quanto à capacidade de lucrar como o esperado no inverno – tradicionalmente a estação de maior margem do setor no país.
Em posicionamento junto a acionistas, as empresas destacaram o impacto negativo que um inverno mais quente que o esperado deve ter em seus resultados ao longo do segundo semestre.
Ainda na esteira das empresas que se desvalorizaram no período, chama a atenção a ligeira queda dos papéis de Mercado Livre e Magalu – empresas que, em tese, serão duas das maiores beneficiadas caso o presidente Lula sancione o retorno da chamada ‘Taxa das Blusinhas’, cujo impacto recairá diretamente sobre concorrentes como a Shein e a Shopee.
O INVA
O INVA é o índice criado pelo grupo Nhm para medir movimentações nas ações do segmento varejista listadas em Bolsa. Sua ideia é proporcionar uma leitura sobre o desempenho das operações relacionadas ao varejo que abriram capital e usam o pregão do Ibovespa para conquistar investidores e alavancarem seus negócios.
A metodologia do estudo reúne as movimentações diárias dos índices de fechamento de cada ação para criar uma média, o INVA – número médio medido entre a variação das 26 empresas selecionadas, que é comparado com o índice do Ibovespa gerando gráficos para a checagem do comportamento do varejo em relação à movimentação do mercado em geral, regulando os índices de forma a perceber variações em tempo real.