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    Reincidência na inadimplência tem novo recorde e atinge 85,50% dos consumidores

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    Segundo relatório da CNDL, apenas 14,50% dos negativados em agosto não estiveram com restrições no CPF relacionadas à inadimplência ao longo do último ano

    Em setembro de 2025, o Indicador de Reincidência de Pessoas Físicas, apurado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), revelou mais um recorde no número de consumidores negativados que já havia figurado nos cadastros de inadimplência. Em setembro de 2025, do total de negativações, 85,50% foram de devedores reincidentes, ou seja, consumidores que já tinham aparecido no cadastro de inadimplentes nos últimos 12 meses.

    Dentro do universo de reincidentes de setembro, a maior parte, 63,32%, ainda não havia quitado as pendências antigas e foi negativada novamente. Outros 22,18% tinham saído do cadastro de devedores nos últimos 12 meses, mas retornaram. Apenas 14,50% dos negativados em agosto não estiveram com restrições no CPF ao longo do último ano.

    Um dado de atenção é o tempo médio decorrido entre o vencimento de uma dívida e o vencimento de demais pendências para os reincidentes: em setembro, esse período foi de 73,9 dias. Isso significa que, em média, após cerca de 2,5 meses do vencimento de uma dívida negativada, outra dívida já vence.

    Os dados do indicador mostram que, nos últimos 12 meses encerrados em setembro de 2025, houve um crescimento de 7,86% no número de devedores reincidentes, aqueles que já tinham aparecido no cadastro de inadimplência no período analisado. A comparação é com os 12 meses anteriores.

    “A negativação, na maioria das vezes, não é um evento isolado, mas parte de um ciclo recorrente de endividamento. Observa-se também que a recuperação das dívidas é lenta e concentrada em valores baixos, o que reforça a dificuldade de reversão desse quadro no curto prazo. Com a taxa de juros ainda em patamar elevado, o crédito permanece caro e restrito”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa.

    Perfil dos devedores reincidentes

    A análise do perfil dos devedores reincidentes em setembro de 2025 aponta que a faixa etária de 30 a 39 anos continua sendo a mais representativa, com 25,83% do total. Quanto à participação por sexo, a distribuição se mantém equilibrada: 54,45% mulheres e 45,55% homens.

    O Indicador de Recuperação de Crédito de Pessoas Físicas do SPC Brasil mostra a evolução do número de consumidores que deixaram os cadastros de inadimplentes por terem realizado o pagamento das suas dívidas em atraso. São utilizadas as informações de saídas de CPFs das bases às quais o SPC Brasil tem acesso. Em conjunto com os dados de reincidência, esses dados permitem melhor monitoramento da inadimplência no país, que atinge cerca de 43,14% da população adulta.

    Recuperação de Crédito piora

    Paralelamente à alta reincidência, o Indicador de Recuperação de Crédito de Pessoas Físicas, que acompanha o número de consumidores que conseguiram sair dos cadastros de inadimplência, registrou uma queda ainda mais acentuada. Nos 12 meses encerrados em setembro de 2025, houve uma redução de ‐9,68% no número de consumidores que limparam o nome, em comparação com os 12 meses anteriores.

    A queda do indicador acumulado em 12 meses se concentrou na diminuição da recuperação de consumidores que levaram de 4 a 5 anos (‐22,82%) para efetuarem o pagamento de todas suas dívidas.

    Ao observar o perfil dos consumidores que efetivamente recuperaram o crédito em setembro, a faixa etária de 50 a 64 anos teve a maior participação, com 23,33% do total. A participação dos consumidores recuperados por sexo segue bem distribuída, sendo 51,27% mulheres e 48,73% homens.

    O valor médio pago por consumidor recuperado em setembro de 2025 foi de R$ 2.296,54 na soma de todas as dívidas que tinha. Os dados ainda mostram que 56,71% pagaram até R$ 500 nas dívidas que possuíam.

    “Romper o ciclo exige soluções integradas — produtos financeiros com foco em reabilitação, intervenções comportamentais de baixo custo, políticas regulatórias que reduzam armadilhas e programas públicos que reponham acesso ao crédito saudável. Sem essa agenda coordenada, o país continuará a conviver com reincidência alta, recuperação parcial e exclusão financeira em larga escala”, alerta o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior.

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