Mas, dos varejos que tem, 39,6% possuem pelo menos um processo na justiça, aponta pesquisa da BigDataCorp
Segundo a 10ª edição do “Perfil do E-commerce Brasileiro”, pesquisa realizada pela BigDataCorp, a maioria dos e-commerces brasileiros não apresenta processos na justiça. A pesquisa, que inspecionou mais de 23 milhões de sites e 1,9 milhão de e-commerces no país inteiro, indica variações significativas ano a ano, com tendências de crescimento nos processos.
O estudo mostrou que a maior parte dos e-commerces brasileiros não possui processos na justiça, mas que essa realidade vem se alterando ao longo dos anos, com um crescimento nos casos de litígio. Em 2023, 39,6% das empresas apresentavam somente um processo, e 8,12% apresentavam dois processos. A faixa de 3 a 5 processos também teve um aumento, alcançando 21,77%. Por outro lado, houve uma diminuição no grupo de 6 a 10 processos para 7,91%, e uma queda expressiva para empresas com 11 a 50 processos, que totalizaram 16,27%. Os dados apontam que 6,32% das empresas enfrentaram mais de 50 processos, demonstrando um cenário difícil para uma parte do setor.
Segundo Thoran Rodrigues, CEO da empresa, os dados mostram que o mercado de e-commerce está cada vez mais competitivo e exigente. A proporção de empresas com processos judiciais aumentou, mesmo com o crescimento no número de lojas. “Isso significa que as lojas mais novas não estão conseguindo atender às expectativas dos clientes e estão gerando insatisfação e conflitos”.
Marco Aurélio Brasil, professor de direito empresarial do UNASP, destaca que processos com e-commerces geralmente envolvem pós-vendas e logística, como demoras e produtos defeituosos. “A eficiência no atendimento e estratégias jurídicas são cruciais para minimizar litígios e melhorar a reputação das empresas. Elas devem investir em um bom serviço de atendimento ao cliente, adotar melhores estratégias, assim, reduzindo custos e melhorando a percepção do consumidor”, finaliza.
Varejo online continua em ascensão:
O setor de e-commerce no Brasil apresentou um crescimento forte em relação ao ano anterior. O número de lojas virtuais também aumentou em 17%, chegando a mais de 1,9 milhão.
A pesquisa aponta um crescimento significativo nas empresas de pequeno porte, aquelas que têm um faturamento anual de até R$ 5 milhões. Esse aumento veio junto com uma queda na parcela de empresas que têm faturamento mais elevado, que hoje totalizam apenas 2.7% do total. O estudo “Perfil do E-Commerce Brasileiro” destaca também uma redução na integração dos canais de venda físicos: a proporção de e-commerces que possuem loja física caiu para 16,5%, contra cerca de 19% em 2022. Os marketplaces, por outro lado, seguem cada vez mais relevantes. O número de e-commerces presentes em pelo menos um marketplace teve um aumento de 61% nos últimos 2 anos, saltando de 14.8% para 23.8%.
Nas lojas online são oferecidos, principalmente, produtos e serviços com preço menor do que R$100 (72,3%). Já itens com valores acima de R$1 mil tiveram uma queda acentuada de 2022 a 2023 (20,5% vs. 15%). Uma grande parcela dos e-commerces (68,4%), possuem uma variedade de até 10 produtos à disposição do consumidor.
Perfil das Empresas
O estudo apontou que 73,5% dos e-commerces são familiares, e que 86% deles tem menos de 10 funcionários. 45,7% são na verdade empresas individuais, nas quais apenas o empreendedor trabalha. A grande maioria das companhias nunca sofreu um processo por falha no atendimento ao cliente, mas 13,6% delas já passaram por essa experiência, reforçando a importância do cliente investigar a reputação da empresa antes de realizar uma compra.
A preocupação com segurança contra fraudes bateu recorde alta para os empreendedores: 89% utilizam certificados SSL (Secure Sockets Layer), camada de segurança que criptografa os dados transacionados entre consumidor e loja online. Houve um grande aumento na adesão da ferramenta desde 2016 (73,8% vs 89,3% em 2023). Os lojistas também têm investido mais no uso de tecnologia para melhorar a experiência do cliente: 65,8% aceitam carteiras digitais como pagamento.
Confira, a seguir, outros destaques do estudo deste ano:
- Os e-commerces representam apenas 8% em relação aos demais tipos de websites no Brasil;
- Cerca de 75,6% das lojas online contam com mídias sociais. Embora o Facebook ainda seja a rede mais utilizada, o TikTok vem rapidamente ganhando espaço. Em 2021, estava presente em 1.2% das lojas, e hoje já está em 14%;
- O mercado de plataformas de construção de sites segue em consolidação. A quantidade de opções disponíveis para os empreendedores caiu de mais de 200 em 2022 para 195 neste ano;
- Acessibilidade digital continua sendo um grande problema, apesar de um avanço significativo. Em 2022, apenas 0.06% das lojas eram aprovadas em todos os testes de acessibilidade, número que subiu para 1,3% em 2023.