Por Guilherme Massa
Nos últimos anos, pudemos observar um movimento global de digitalização dos negócios, que foi impulsionado fortemente pela pandemia de covid-19. Embora muitos atribuam apenas a ela os méritos da aceleração da transformação digital, o fato é que as empresas dos mais diversos segmentos já estavam caminhando para esse cenário.
Porém, ainda que já estivessem de olho nisso, é inegável que muitas só colocaram a mão na massa e intensificaram seus esforços para trazer inovação para dentro de casa quando perceberam que já não era mais possível sobreviver sem ela. E, de 2020 para cá, ficou cada vez mais claro que as companhias que não entenderem que precisam se atualizar para manter sua relevância no mercado e investirem nisso irão ser pouco a pouco deixadas para trás pela concorrência.
Um dos segmentos mais impactados pela crise sanitária foi o varejo, que sofreu com a falta de público nas lojas e estabelecimentos físicos e diminuição do poder de compra dos consumidores, e por isso precisou reinventar os negócios, migrando para o e-commerce e investindo excessivamente em ferramentas como marketing digital e Big Data para tentar conquistar novos consumidores e entender sobre as novas tendências de comportamento e desejo da sociedade.
O fruto dessa corrida de trazer inovação ficou nítido nos resultados do setor: segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ele cresceu 1,4% em 2021. Já em 2022, o comércio varejista acumula alta de 2,3%.
Outros dados divulgados pela Neotrust, que faz o monitoramento do e-commerce brasileiro, mostraram que em 2021 ele alcançou R$ 161 bilhões em faturamento, valor recorde e que representa um aumento de 27% em comparação a 2020.
É importante destacar que as startups tiveram um papel essencial nesse cenário, pois conseguiram rapidamente oferecer suas soluções para aquelas companhias que precisavam de inovação de forma ágil e assertiva, ajudando a automatizar diversos processos e alavancar os negócios de empresas de todos os portes e segmentos. Elas trouxeram para os lojistas diversas ferramentas focadas em logística, no atendimento e experiência dos clientes e nas formas de pagamento, que foram determinantes para que o público tomasse gosto pelo e-commerce.
Segundo informações da Startup Scanner, ferramenta de monitoramento de startups, existem atualmente no país cerca de 382 retailtechs, que são focadas na transformação digital do varejo, sendo que sete delas foram criadas no último mês. Um estudo da Associação Brasileira de Startups (Abstartups) em parceria com a Deloitte aponta que 32% das retailtechs brasileiras já receberam investimento.
Dados como esses mostram o impacto e relevância da inovação aberta no setor, e as expectativas para os próximos anos são de que os investimentos cresçam ainda mais, colocando o varejo como um dos principais agentes impulsionadores do ecossistema.
Guilherme Massa é cofundador da Liga Ventures, rede de inovação com o propósito de gerar resultados e impacto, conectando as startups às empresas e a todo ecossistema empreendedor