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    Análise de viabilidade de negócios no varejo

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    Em artigo, o diretor vogal do Ibevar e professor da FIA, Marcos Piellusch, fala sobre etapa de avaliação da a atratividade e do potencial de retorno de investimentos no varejo

    A análise de viabilidade de investimentos é uma etapa fundamental para avaliar a atratividade e o potencial de retorno de um empreendimento antes de investir recursos significativos. Este processo envolve uma avaliação cuidadosa dos aspectos financeiros, operacionais e estratégicos do negócio, a fim de determinar se ele é sustentável e lucrativo a longo prazo.

    Essa análise ocorre em diversas decisões estratégicas envolvendo investimentos, desde a reforma de uma unidade de negócio, abertura de novas unidades, ingresso em um novo segmento de atuação, aquisição de equipamentos e outros bens de alto valor, até a aquisição de empresas.

    Neste artigo, exploraremos os conceitos introdutórios e os métodos de cálculo utilizados na análise de viabilidade de investimentos.

    Perguntas importantes

    • Lucro ou fluxo de caixa? O que considerar nas projeções?

    Em primeiro lugar, temos que entender o que deve ser considerado para analisar a viabilidade do investimento. Um valor aplicado no presente supostamente deverá reverter em frutos no futuro, mas qual é o indicador que reflete esses frutos?

    Muitos podem pensar que esse indicador é o lucro líquido obtido com a atividade. No entanto, esse indicador não considera vários aspectos, entre eles mencionamos alguns itens a seguir.

    O lucro é calculado pelo regime de competência, então uma venda a prazo é considerada para efeito do cálculo do lucro como sendo recebida no período e que a venda ocorre e não quando os valores são recebidos.

    Os investimentos em ativos de longo prazo, como equipamentos, instalações, veículos e outros não são considerados no cálculo do lucro.

    Os demais investimentos em capital de giro, como estoques, também não são considerados na apuração do lucro.

    Por isso, para poder apurar os frutos obtidos futuramente com o investimento, devemos estimar os fluxos de caixa livres da empresa.

    Para obter esses fluxos de caixa, estima-se a receita esperada das operações e desconta-se os custos operacionais, investimentos em ativos fixos, capital de giro e impostos. Essa projeção é essencial para entender a capacidade de geração de caixa da empresa e sua capacidade de gerar retornos para os investidores.

    Para realizar a projeção de fluxos de caixa livres, é necessário primeiro identificar as principais fontes de receita e os custos associados ao negócio. Isso inclui receitas de vendas, custos variáveis, despesas operacionais fixas, depreciação e amortização, entre outros.

    Em seguida, é possível estimar os fluxos de caixa futuros, levando em consideração fatores como o crescimento esperado das vendas, margens de lucro, investimentos em expansão e necessidades de capital de giro.

    • Quanto vale o dinheiro no tempo?

    Um fluxo obtido no presente é diferente de um valor obtido no futuro, daqui a cinco anos, por exemplo. Para incorporar o valor do dinheiro no tempo, permitindo a comparação de valores atuais de investimento com valores futuros de retorno, utilizamos o custo de capital.

    Essa métrica representa o retorno mínimo que os investidores exigem para investir em um determinado projeto ou negócio. Ele representa o custo de financiamento do empreendimento e reflete o risco associado ao investimento. O custo de capital é composto por duas principais fontes de financiamento: o custo de capital próprio e o custo de capital de terceiros.

    O custo de capital próprio é o retorno esperado pelos acionistas da empresa e é calculado utilizando-se o modelo de precificação de ativos financeiros (CAPM, na sigla em inglês), que leva em consideração o risco sistemático do investimento, representado pelo beta, a taxa livre de risco e o prêmio de risco de mercado.

    Em outras palavras, o custo de capital próprio será proporcional ao risco proporcionado pelo próprio ambiente econômico e condições de mercado, multiplicado pela exposição da empresa aos fatores de risco do mercado, o chamado beta. Assim, uma empresa mais exposta aos riscos do mercado terá um custo de capital maior, pois terá um beta maior.

    Um exemplo disso pode ser visto nos diferentes segmentos do varejo. Empresas varejistas de bens não duráveis, ou bens essenciais, tendem a ter menor beta, pois são mais resilientes às oscilações de demanda do mercado. Já as empresas varejistas de bens de consumo semiduráveis e duráveis, consideradas como de consumo discricionário, tendem a ter um beta maior, pois sofrem mais impacto com as oscilações de demanda do mercado.

    Já o custo de capital de terceiros é o custo associado ao financiamento obtido por meio de empréstimos ou financiamentos bancários. Ele é calculado com base nas taxas de juros vigentes no mercado e no perfil de risco da empresa. Geralmente, o custo de capital de terceiros é mais baixo que o custo de capital próprio, uma vez que os credores têm prioridade no recebimento dos pagamentos.

    • Desconto dos Fluxos a Valor Presente

    O desconto dos fluxos a valor presente é uma técnica utilizada para trazer os fluxos de caixa futuros de um projeto ou negócio para o valor presente, refletindo o valor do dinheiro no tempo. Esse processo é essencial para comparar os benefícios futuros do investimento com os custos atuais, permitindo uma avaliação precisa da viabilidade do negócio.

    O desconto dos fluxos a valor presente é realizado utilizando-se uma taxa de desconto adequada, que reflete o custo de capital da empresa e do projeto. Quanto maior o risco associado ao investimento, maior será a taxa de desconto aplicada. Os fluxos de caixa futuros são então divididos pelo fator de desconto correspondente a cada período, e os resultados são somados para obter o valor presente líquido (VPL) do projeto.

    O VPL representa a diferença entre o valor presente dos fluxos de caixa futuros e o investimento inicial necessário para o projeto. Um VPL positivo indica que o projeto é viável, pois gera um retorno superior ao custo de capital, enquanto um VPL negativo sugere que o projeto não é atrativo do ponto de vista financeiro.

    • Conclusão na estratégia do negócio

    A análise de viabilidade de negócios é uma etapa crucial no processo de tomada de decisão de investimento. Ao realizar uma análise cuidadosa dos aspectos financeiros, operacionais e estratégicos do negócio, os investidores podem avaliar o potencial de retorno e o risco associado ao investimento, tomando decisões mais informadas e fundamentadas.

    Neste artigo, discutimos os conceitos introdutórios e os métodos de cálculo utilizados na análise de viabilidade de negócios, incluindo projeção de fluxos de caixa livres, custo de capital e desconto dos fluxos a valor presente.

    Ao compreender esses conceitos e aplicar as técnicas adequadas, os investidores podem avaliar com mais precisão a viabilidade e o potencial de retorno de um determinado empreendimento, contribuindo para uma alocação eficiente de recursos e maximização do valor para os acionistas.

    O conhecimento desses processos é fundamental para que as decisões sejam tomadas com base técnica e consciência. Além disso, após tomada a decisão, é importante monitorar os resultados obtidos para avaliar se ocorreram de acordo com as previsões. Isso tenderá a gerar uma aprendizagem para os gestores e aprimorará o processo de planejamento.

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