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    Investimentos do varejo em tecnologia deve superar US$ 285 bi ainda 2025, destaca estudo

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    Com quase 80% do empresariado brasileiro afirmando o objetivo de aumentar em 20% ou mais o orçamento direcionado para a inovação nos próximos anos, pesquisa reforça que investimentos do varejo em tecnologia são uma questão de sobrevivência

    Um estudo realizado pela Infor mapeou os desafios, os vetores e a maturidade da transformação digital, além das tendências de inovação para o setor varejista.

    No âmbito da maturidade tecnológica, o material nomeado de ‘Infor Report 2025 – Inovação no Varejo‘ um destaca que, já em 2025, os investimentos em digitalização no varejo devem alcançar mais de US$ 285,7 bilhões em todo o mundo, de acordo com a consultoria Mordor Intelligence – e a expectativa é de que até 2030 esses investimentos cresçam 17,3% ao ano. No Brasil, a Infor também apurou, com base em levantamento proprietário global (How Possible Happens) que 79% dos empresários brasileiros pretendem aumentar seus investimentos em tecnologia em 20% ou mais nos próximos três a cinco anos. 

    Dentre as conclusões do estudo, há uma crescente percepção de que a digitalização já não é apenas uma vantagem competitiva, mas uma exigência de sobrevivência dentro de um mercado cada vez mais dinâmico, híbrido e no qual os processos de informatização caminham a passos largos, capitaneados, no varejo, pelo uso de dados, IA e pelo avanço de soluções customizadas para as “dores” específicas do setor. 

    Com base em dados primários e uma análise comparativa que envolveu 30 fontes nacionais e internacionais, o relatório estrutura-se em três capítulos e entrevistas com três nomes estratégicos do setor: Waldir Bertolino (Vice-president of Sales e Country Manager da Infor Brasil e South Latam), Rodrigo Callisperis (Diretor Executivo de TI do Assaí Atacadista) e Rossane Cristina Andrade (Gerente de Logística da Britânia Eletrodomésticos). 

    Para termos uma ideia da verdadeira corrida pela digitalização no ambiente de negócios brasileiro, o estudo também reforça, com base em levantamento da FGV, que ainda em 2021, a transformação digital no Brasil se adiantou o equivalente a pelo menos quatro anos. 

    Mas essa corrida também encontra seus próprios desafios, como a necessidade de transformação cultural das empresas e da implementação de modelos de gestão descentralizados que atuem como resposta para um ambiente de mercado e logístico mais complexo e fragmentado diante da consolidação do e-commerce no Brasil. 

    Para Waldir Bertolino, Vice-president of Sales e Country Manager da Infor Brasil e South Latam, esse novo cenário exige uma mudança de paradigma no próprio desenvolvimento tecnológico, com foco em integração: 

    “Antigamente, a estratégia mais comum era adotar uma única solução para toda a operação, com o argumento de que isso reduziria a preocupação com integrações e trazia uma sensação de segurança. Mas o tempo mostrou que isso não funciona mais. Hoje, as soluções especializadas para cada problema de negócio são muito mais assertivas. Por isso, pensar em integração passou a ser parte essencial da estratégia de investimentos em inovação.” 

    Investimentos do varejo em tecnologia respondem à nova lógica do consumo

    A transformação em curso vai além da adoção de ferramentas digitais. Ela redefine a cultura de negócio. O relatório mostra que a ascensão do e-commerce e a fusão entre ambientes físicos e digitais impuseram novos padrões de comportamento aos consumidores, que passaram a demandar experiências personalizadas, fluidez nos canais de compra, rapidez na entrega e interações mais inteligentes com as marcas. 

    Não por acaso, a cadeia logística voltada ao e-commerce movimentou globalmente mais de US$ 426 bilhões em 2023, de acordo com o Global Market Insights. No Brasil, o faturamento do comércio eletrônico ultrapassou R$ 204 bilhões em 2024, com alta de 10% em relação ao ano anterior, segundo dados da ABComm. 

    Esse cenário tem exigido uma revisão profunda nos modelos operacionais do varejo. Assim, para lidar com a descentralização das operações — que é consequência direta da explosão do comércio eletrônico —, os investimentos do varejo em tecnologia precisam estar voltados à adoção de sistemas de controle de inventário em tempo real, plataformas de gestão logística baseadas em nuvem e soluções de inteligência de dados capazes de prever demandas, controlar devoluções e ajustar fluxos de distribuição de forma autônoma. 

    Ao mesmo tempo, o uso de IA se coloca como um alicerce importante para o ganho de diferenciais competitivos no varejo. Nesse sentido, o estudo da Infor cita dados da PwC que apontam que o uso de tecnologias emergentes no varejo, como inteligência artificial (IA) já tem influenciado nas decisões de compra, ao passo que 53% dos consumidores esperam poder contar com canais virtuais de interação com agentes de atendimento.  

    Brasil avança em maturidade digital, mesmo com gargalos estruturais

    Esse novo modo de operar, contudo, exige também uma transformação cultural profunda. O relatório destaca que cerca de 70% dos projetos de transformação digital falham no mundo devido a resistências internas, falta de visão estratégica e ambientes organizacionais pouco abertos à experimentação (MIT Sloan). 

    Além disso, estruturalmente, o Brasil tem um nível de digitalização inferior, por exemplo, à média dos países da OCDE, o que revela uma necessidade urgente de investimentos do varejo em tecnologia e da consequente preparação do mercado para as mudanças proporcionadas pela inovação.  

    Apesar dos desafios, a evolução tecnológica do setor e, do ponto de vista da maturidade digital, só fica atrás do setor financeiro, conforme destaca o Infor Report a partir de indicadores da McKinsey. 

    Por tudo isso, o relatório reforça que o sucesso no próximo passo da jornada digital das empresas – dentro de um setor que, como se observa, a inovação já faz parte da realidade de uma parcela relevante do mercado – dependerá da capacidade das empresas em integrar tecnologias e fortalecer culturas internas de modo que possa responder a desafios do varejo, como a escassez de talentos e a maior exigência do consumidor por experiências personalizadas.  

    “Nessa jornada, é importante não adianta querer reinventar a roda: já existem muitas soluções prontas no mercado que atendem a demandas do varejo de forma eficiente. Comece com o básico, com soluções estruturantes que resolvem dores reais e que são passíveis de integração. Mostre que o investimento se paga em 6 meses, 1 ano. A partir disso, é possível evoluir”, conclui Waldir Bertolino.  

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