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    Fachadas ativas vieram para ficar, mas só funcionam com projeto, governança e operação alinhados

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    Segundo a CEO da matchpoint, Júlia Botelho, fachadas ativas com um mix coerente torna imóvel mais atrativo não apenas para lojistas, mas também para fundos e investidores que buscam renda estável

    Fachadas ativas vieram para ficar, mas sua efetividade depende de projeto, governança e operação bem estruturados. Essa foi uma das principais conclusões da Roundtable “Fachadas Ativas: Entre a intenção urbana e a realidade comercial”, promovida pelo GRI Institute e pela matchpoint, que reuniu incorporadores, arquitetos e gestores de investimento em São Paulo, no dia 7 de outubro.

    “Quando começamos a falar sobre fachadas ativas, no início do ano, muitas incorporadoras não queriam entrar no debate. Hoje, o tema está em toda a imprensa. Não devemos enxergar isso apenas como problema, mas como uma oportunidade de construir soluções”, destacou a CEO da matchpoint, empresa especializada em Real Estate, Júlia Botelho, que moderou o painel.

    O encontro apontou que a alta vacância registrada em muitos empreendimentos — em alguns casos chegando a 80% — decorre de projetos concebidos apenas para atender exigências legais, sem considerar a lógica do varejo. Pé-direito baixo, vitrines pouco visíveis, ausência de áreas técnicas para carga, descarga e exaustão, além de convenções condominiais que oneram lojistas, foram citados como entraves que dificultam a ocupação.

    Júlia Botelho é CEO da matchpoint

    Em contrapartida, exemplos bem-sucedidos mostraram que fachadas ativas funcionam quando há planejamento desde a concepção, curadoria de mix sob comando único, regras condominiais claras e abertura ao público por meio de boulevards ou retrofits que integram o empreendimento ao entorno. “Fachadas ativas precisam ser planejadas de acordo com o que cada operação demanda. Um restaurante precisa de exaustão, uma farmácia precisa de vagas, e assim por diante. O imóvel tem de ser vocacionado para que funcione de verdade”, afirmou Botelho.

    Segundo ela, também é essencial que as fachadas sejam pensadas como ativos de interesse para o mercado financeiro. “Quando você forma um mix coerente, torna o imóvel atrativo não apenas para lojistas, mas também para fundos e investidores que buscam renda estável. Sem isso, é muito difícil transformar o térreo em um ativo valorizado”, avaliou.

    As discussões reforçaram ainda que retrofits bem executados podem recuperar imóveis e aumentar o valor de locação. Casos de empreendimentos que se reurbanizaram e abriram suas áreas térreas à cidade foram apresentados como modelos de valorização imobiliária e de vitalidade urbana. “Projetos que recebem investimento e visão de longo prazo transformam fachadas ativas em ativos estratégicos, elevando o valor de locação e melhorando a vida urbana. É essa mentalidade que precisamos replicar”, observou Botelho.

    Entre as soluções destacadas para estoques já entregues estão diagnósticos individualizados de cada loja, revisões de convenções condominiais, intervenções de projeto para melhorar acessos e visibilidade, além de redefinição do mix. Além disso, a ativação depende também de tempo de maturação: assim como shoppings precisam de “três Natais” para consolidar hábitos de consumo, fachadas de rua exigem curva de consolidação acompanhada de gestão ativa.

    O painel reuniu nomes como Alexandre Rodrigues (Rio Bravo Investimentos), André Agostinho (matchpoint Real Estate), Daniel Takase (Tellus Investimentos), Fernanda Rosalem (Paladin Realty) e Henrique Melega (IDE Studio Arq), que compartilharam experiências sobre legislação, operação de varejo, retrofit de ativos, desafios e soluções.

    “Ativar o térreo é ativar a cidade. É preciso unir projeto, operação e governança para que todos ganhem — moradores, lojistas, investidores e a própria cidade”, reforçou Júlia Botelho.

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